Dos clubes oriundos de usinas, o
Paraíso é considerado o mais antigo, apesar de que o São João ter sido fundado
23 dias antes, mas não disputava campeonatos oficiais. O Paraíso Futebol Clube foi fundado
em 17 de julho de 1917 por Domingos Monteiro, Amaro Monteiro, Helvécio Peixoto,
Ezequiel Manhães, José Manhães da Silva, Manoel Monteiro e Miguel Rinaldi (este
escolhido para ser o primeiro presidente do clube), funcionários da usina
Paraíso, no distrito de Tocos, distante 21 km do centro de Campos.
O Paraíso jogou até o ano de 1951,
torneios de menor importância, promovidos pela Liga Campista de Desportos,
passando somente neste ano a participar do campeonato campista.
Seu estádio, erguido em propriedades
pertencentes à Usina Paraíso se chamava Roberto Codray, mas teve o seu nome
alterado mais tarde para Benedito Silveira Coutinho, um dos sócios da empresa e
que junto com o Sr. Osvaldo Gomes foram incansáveis na luta em prol do clube.
Com medidas oficiais, o Estádio
possui três vestiários azulejados, com acesso subterrâneo ao campo, cabines de
rádio, dormitório para jogadores e uma pequena tribuna de honra, onde a cúpula
da usina assistia aos grandes jogos, recebendo ali seus convidados.
A inauguração da praça de esportes,
deu-se em 17 de agosto de 1958 em um jogo visto por mais de mil pessoas (a
maioria parentes de jogadores e funcionários da usina), entre a equipe do
Paraíso e o Goytacaz, valendo pelo campeonato campista daquele ano, e o time da
casa venceu pelo placar de 1 x 0, tendo
acontecido após a partida uma grande festa da “família toquense”, que alegrou
desde a casa grande da usina até a residência mais humilde.
Pelo Paraíso passaram craques do
quilate de Manoel Monteiro, Edir, Lulu, Carioca, Helvécio, Osmário Soares,
Niniu, Baú, Nilo, Diniz, Cidoreco, Devaldo, entre outros.
Apesar de não ter conquistado nenhum
título de expressão, somente o torneio Otávio Pinto Guimarães, em 14 de
novembro de 1975, quando participou junto com Cambaíba, Rio Branco e Goytacaz,
e ter ficado por duas vezes com o vice-campeonato campista (1958 e 1976), o
clube de Tocos sempre contou com fortes equipes.
Deixaram marcados os seus nomes na
história do Paraíso os presidentes Miguel Rinaldi,
Demerval Pacheco, Manoel
Porfírio Soares, Amadeu Correa, José Manhães, Anacleto de Souza Ferreira,
Liberato Nunes, Jorge Rodrigues do Nascimento, Amaro Balthazar Filho e Amaro
Martins de Oliveira.
O clube ainda resiste ao tempo, apenas
como clube amador, porém, filiado à Federação de Futebol do Estado do Rio de
Janeiro, o que permite sonhar em retornar aos campeonatos profissionais. Recebe
irrestrito apoio da Usina Paraíso, que permanece nas mãos da família Coutinho,
sendo dirigida por Geraldo S. Coutinho, filho de Benedito, cujo nome batiza o
estádio e por seu filho André H. Coutinho, que é o presidente do clube.
* Fragmento do livro "No País do Futebol, Cidade sem Memória: A
História Futebolística de Campos dos Goytacazes (Agbook, 2010. - www.agbook.com.br).