quinta-feira, 10 de julho de 2014

FUTEBOL CAMPISTA E OS CLUBES QUE A BOLA ESQUECEU (10) PARAÍSO FUTEBOL CLUBE – TÓCOS TAMBÉM TEM HISTÓRIA



   Dos clubes oriundos de usinas, o Paraíso é considerado o mais antigo, apesar de que o São João ter sido fundado 23 dias antes, mas não disputava campeonatos oficiais. O Paraíso Futebol Clube foi fundado em 17 de julho de 1917 por Domingos Monteiro, Amaro Monteiro, Helvécio Peixoto, Ezequiel Manhães, José Manhães da Silva, Manoel Monteiro e Miguel Rinaldi (este escolhido para ser o primeiro presidente do clube), funcionários da usina Paraíso, no distrito de Tocos, distante 21 km do centro de Campos.

   O Paraíso jogou até o ano de 1951, torneios de menor importância, promovidos pela Liga Campista de Desportos, passando somente neste ano a participar do campeonato campista.
Seu estádio, erguido em propriedades pertencentes à Usina Paraíso se chamava Roberto Codray, mas teve o seu nome alterado mais tarde para Benedito Silveira Coutinho, um dos sócios da empresa e que junto com o Sr. Osvaldo Gomes foram incansáveis na luta em prol do clube.

   Com medidas oficiais, o Estádio possui três vestiários azulejados, com acesso subterrâneo ao campo, cabines de rádio, dormitório para jogadores e uma pequena tribuna de honra, onde a cúpula da usina assistia aos grandes jogos, recebendo ali seus convidados.

   A inauguração da praça de esportes, deu-se em 17 de agosto de 1958 em um jogo visto por mais de mil pessoas (a maioria parentes de jogadores e funcionários da usina), entre a equipe do Paraíso e o Goytacaz, valendo pelo campeonato campista daquele ano, e o time da casa venceu pelo placar de 1 x  0, tendo acontecido após a partida uma grande festa da “família toquense”, que alegrou desde a casa grande da usina até a residência mais humilde.
Pelo Paraíso passaram craques do quilate de Manoel Monteiro, Edir, Lulu, Carioca, Helvécio, Osmário Soares, Niniu, Baú, Nilo, Diniz, Cidoreco, Devaldo, entre outros.

   Apesar de não ter conquistado nenhum título de expressão, somente o torneio Otávio Pinto Guimarães, em 14 de novembro de 1975, quando participou junto com Cambaíba, Rio Branco e Goytacaz, e ter ficado por duas vezes com o vice-campeonato campista (1958 e 1976), o clube de Tocos sempre contou com fortes equipes.

   Deixaram marcados os seus nomes na história do Paraíso os presidentes Miguel Rinaldi, 
Demerval Pacheco, Manoel Porfírio Soares, Amadeu Correa, José Manhães, Anacleto de Souza Ferreira, Liberato Nunes, Jorge Rodrigues do Nascimento, Amaro Balthazar Filho e Amaro Martins de Oliveira. 


   O clube ainda resiste ao tempo, apenas como clube amador, porém, filiado à Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro, o que permite sonhar em retornar aos campeonatos profissionais. Recebe irrestrito apoio da Usina Paraíso, que permanece nas mãos da família Coutinho, sendo dirigida por Geraldo S. Coutinho, filho de Benedito, cujo nome batiza o estádio e por seu filho André H. Coutinho, que é o presidente do clube.

* Fragmento do livro "No País do Futebol, Cidade sem Memória: A História Futebolística de Campos dos Goytacazes (Agbook, 2010. - www.agbook.com.br).


quinta-feira, 26 de junho de 2014

FUTEBOL CAMPISTA E OS CLUBES QUE A BOLA ESQUECEU (09) ITATIAIA A.C. - O CLUBE DA SERRA




Oriundo de uma dissidência do Clube Esportivo Rio Branco, o Itatiaia foi fundado em 29 de janeiro de 1931, por Hélvio Bacelar, Ângelo de Queiroz, Herval Bacelar, Chaquib Bichara, Adir Nascife, Luís Reis Nunes e João Laurindo, suas cores eram vermelho, azul e branco.  O clube foi apelidado de “Clube da serra”, por causa de seu nome ser o mesmo de uma cidade da região serrana do Estado do Rio. 

Teve sua sede no prédio da firma “Aos 12 Bilhares”, na Rua Direita, hoje Boulevard Francisco de Paula Carneiro e foi, também, um dos pioneiros do basquetebol na cidade, teve seu campo no início da Rua do Gás que, posteriormente, seria utilizado pelo Goytacaz..

Conquistou o Torneio Início em 1937, no campo do Industrial, na Lapa; e de suas fileiras saiu o jogador Cliveraldo que, por muito tempo foi titular do Clube de Regatas do Flamengo. O clube encerrou suas atividades após uma derrota histórica, pelo elástico placar 17 x 0 para o Americano e ainda um incêndio em sua sede, durante a realização de um baile.





* Fragmento do livro "No País do Futebol, Cidade sem Memória: A História Futebolística de Campos dos Goytacazes. (Agbook, 2010. - www.agbook.com.br).

sexta-feira, 6 de junho de 2014

O FUTEBOL CAMPISTA E OS CLUBES QUE A BOLA ESQUECEU (08) - SPORT CLUB ALIANÇA: O SHOW DO GRANDE TRI-CAMPEÃO*




Na Usina do Queimado, que hoje integra a área urbana da cidade de Campos dos Goytacazes, interior fluminense, mas que já foi considerada zona rural, pois se localiza há três quilômetros do centro, um grupo de funcionários que sempre se reuniam nas horas de folga para jogarem futebol, nasceu à idéia de se formar um clube, para se filiar à Liga Campista de Desportos e assim, a equipe local se fazer presente nos campeonatos promovidos por essa entidade.

Liderados por Laudelino Batista e Antônio da Silva Sá, que respectivamente foram os primeiros presidente e vice do clube, procuraram os irmãos Julião e Inácio Nogueira, proprietários da usina e grandes admiradores dos esportes em geral, que aprovaram a iniciativa, e não só autorizaram a criação do time, como também colaboraram em muito para o seu desenvolvimento.




Em reunião secretariada pelo jornalista e maestro Prisco de Almeida, ocorrida no pátio da usina, no dia 24 de abril de 1932, data oficial de fundação do clube, ficou definido que o clube se chamaria Sport Club Aliança (apesar do mesmo nome, não pode ser confundido com o Aliança Futebol Clube, o segundo clube fundado na cidade de Campos, em 1912) e as cores foram inspiradas no ambiente que os cercavam: o verde dos canaviais e o branco do açúcar.

A primeira partida do Aliança foi disputada no mesmo dia de sua fundação o adversário foi o Industrial. A partida terminou empatada em 1 a 1 e aconteceu no antigo campo do Goytacaz, quando o mesmo ainda ficava no bairro da Lapa.

Contando com um bom complexo esportivo, composto por dois campos de futebol, quadras de vôlei, basquete e tênis, o Aliança, alcançou o seu apogeu com apenas cinco anos de existência, quando conquistou o tri-campeonato campista nos anos de 1937/38/39 e, logo depois, também de forma meteórica, desapareceu, não chegando a era do futebol profissional de Campos.

Apesar de seus poucos anos de vida, o Aliança foi uma das forças futebolísticas da cidade em sua época, sendo até difícil de imaginar como uma equipe vitoriosa e com o suporte de uma empresa como a Usina do Queimado, na fase áurea da cana de açúcar, tenha desaparecido tão precocemente.





Vários jogadores de destaque tiveram passagem pelo clube, nomes como: Cláudio, Carbono, Lessa, Vicente, Rebite, Irineu, Evaldo Freitas, entre outros. Foi também de seus quadros, que saiu o grande jogador Lelé, titular absoluto do Vasco da Gama, que na década de 40, conquistou vários títulos, entre eles o campeonato sul americano de 1946 e entrou para a história conhecido como o “Expresso da Vitória”.




Hoje o local já não apresenta mais as paisagens dos vastos canaviais de outrora, que perderam espaço para a construção de novos bairros, em nome do progresso, do desenvolvimento e da ganância dos homens. Mas o prédio da velha usina, inaugurada em seis de agosto de 1880, ainda permanece de pé, imponente, apesar de há muito desativado, tendo seu espaço físico usado, eventualmente, como casa de shows e boate, mas ainda marca na memória de muitos, que viveram os anos dourados do futebol de Campos, uma época que não volta mais.




* Fragmento do livro "No País do Futebol, Cidade sem Memória: A História Futebolística de Campos dos Goytacazes (Agbook, 2010. - www.agbook.com.br).

quarta-feira, 21 de maio de 2014

O FUTEBOL CAMPISTA E OS CLUBES QUE A BOLA ESQUECEU (07) ESPORTE CLUBE SÃO JOSÉ - O PRIMEIRO CAMPEÃO DO PROFISSIONALISMO




 
   O Esporte Clube São José foi, juntamente com o Sapucaia, o time de usina com mais destaque no cenário futebolístico de Campos, fundado por trabalhadores da Usina São José, do Distrito de Goytacazes, que se localiza à 11 km do centro da cidade, em 28 de janeiro de 1938.

   A sua primeira diretoria foi composta por Álvaro Barcelos Coutinho (presidente), Adahyl Bastos Tavares (vice-presidente), Antônio Ribeiro do Rosário, Cleveland Cardoso (1º secretário), José Antônio de Carvalho (2º secretário), Francisco Azevedo (1º tesoureiro), Thieres Gomes de Azevedo (2º tesoureiro), Aluísio Maciel (diretor de esportes), Antônio Pereira Nunes (orador).

    O time jogou como equipe avulsa, isto é, time não filiado à liga e que participava apenas de torneios locais até 1944, quando fez sua inscrição na LCD, iniciando aí suas atividades nos campeonatos oficiais organizados pela entidade.

   Contando com grande apoio do Sr. Gonçalo Vasconcelos, um dos sócios da usina na época, que cedeu um amplo terreno para a construção da sede social, do campo e de demais dependências, como quadras de tênis, vôlei, basquete e piscina. Além das atividades esportivas, o clube se destacava na área social com a realização de animadas festas e grandes bailes. Diante de toda esta excelente estrutura o clube ganhou o apelido de Colosso ou Milionários de Goytacazes.

   O campo foi batizado de Estádio da Vitória e sua inauguração se deu no dia 8 de maio de 1945, coincidente com o fim da Segunda Grande Guerra Mundial. Período difícil aquele superado pelo clube que, aliás, adotou essa data como a oficial da fundação do clube.

   O campeonato perdido para o Rio Branco em 1948 mexeu com o emocional de todos, já que o time da baixada contava com a melhor equipe daquela época e por isso afetou o rendimento do São José nos campeonatos seguintes, pois visivelmente não rendeu o que todos sabiam que o time poderia render.

   Em 1952, no primeiro campeonato campista oficialmente profissional, o time mais maduro e com alguns reforços foi para a decisão contra o mesmo Rio Branco, algoz de 48, o jogo foi realizado no campo do rival na Avenida Sete e encarado como uma verdadeira revanche, mas dessa vez o título foi para o clube da baixada, com uma vitória de 4 x 2, o que extasiou jogadores dirigentes e torcedores do São José, que com o título inédito enfim consolidado promoveu grandes festejos, começando por um desfile de carros de boi no Boulevard Francisco de Paula Carneiro, fato nunca antes visto no centro da cidade.

   A equipe que levantou o título de 52 era formada por Waltinho, Custódio e Altivino. Hugo, Ilmo e Geraldo. Basílio, Orlando, Heraldo II, Amaro Barbosa e Soares.
 
 
 

   Passaram pela presidência do clube nomes como o de Álvaro Barbosa Coutinho, Itamar Almirante Dias, Saturnino Monteiro Filho, Cid Pinto de Andrade, Ary Bráulio Machado, José Gonçalves e Silva, Heraldo Monteiro da Mota, João Antônio Pessanha, Norberto Siqueira Barreto. 

    Pelo São José se apresentaram inúmeros craques, com destaque para Tom Mix, Bóia, Chico, Odílio, Índio, Hugo Soares, Santana, Ailton, Aires, César entre muitos outros.

    Depois de algum tempo desativada a usina São José retomou parte de suas atividades como uma cooperativa, financiada pelo FUNDECAM (Fundo de Desenvolvimento de Campos) e o time ainda existe e é uma das forças do futebol amador da cidade, mas não tem mais qualquer vínculo com a usina, que inclusive não permite mais os jogos do clube em seu antigo campo, que é propriedade da usina.

* Fragmento do livro "No País do Futebol, Cidade sem Memória: A História Futebolística de Campos dos Goytacazes (Agbook, 2010. - www.agbook.com.br)

quinta-feira, 24 de abril de 2014

FUTEBOL CAMPISTA E OS CLUBES QUE A BOLA ESQUECEU (06) G. R. S. E. VESÚVIO - O QUARTEL VAI À CAMPO*


Formado dentro do quartel do Corpo de Bombeiros em 02 de dezembro de 1974, o Grêmio Recreativo Social e Esportivo Vesúvio foi fruto do sonho do Major Eduardo Ribeiro Filho e teve como Presidente de honra o Coronel da PM Yêdo Bittencourt da Silva, suas cores eram a mesma da corporação, o vermelho e o branco.

O jornal “A Notícia” de 31 de dezembro de 1974 (p. 8) registrou a posse da diretoria do clube, que teve o comando do Major Eduardo e a vice-presidência a cargo do médico Édson Coelho dos Santos, ex- presidente do Americano e do Municipal. No mesmo jornal, o Major declarou: “O Vesúvio chegou para revolucionar o futebol campista”

Diferentemente dos times do Tiradentes (CE, DF, PI, PA e Niterói), que se originaram na Polícia Militar e mais recentemente do Dom Pedro II do Distrito Federal, este oriundo também do Corpo de Bombeiros, o Vesúvio abrigaria desde o início militares e civis.

O primeiro jogo foi realizado na noite do dia 24 de janeiro de 1975 na cidade vizinha de São João da Barra, na abertura do Torneio de Verão, onde venceu por 1 x 0 o time do Americano.

Neste Torneio, o Vesúvio ficou com o vice-campeonato, perdendo a final para o time do Cambaíba, que levou o Troféu Coronel Evaristo Antônio Brandão Siqueira, então comandante da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro.

Quando o Major Ribeiro foi transferido para o Rio de Janeiro, houve uma reunião em 12 de dezembro de 1975 e nesta ninguém se prontificou em assumir o comando do clube, que assim encerrou as suas atividades.
 
 
 
* Fragmento do livro "No País do Futebol, Cidade sem Memória: A História Futebolística de Campos dos Goytacazes (Agbook, 2010. - www.agbook.com.br).

 
 
 
 
 
 
 
 
 

 

FUTEBOL CAMPISTA E OS CLUBES QUE A BOLA ESQUECEU (05) ESPORTE CLUBE SÃO JOÃO - O VOVÔ DEIXOU SAUDADES*


Fundado em 24 de junho de 1917 por José Norival, Cláudio de Souza e Arnaldo Pereira dos Santos, todos funcionários da Usina São João, afastada 5km do centro de Campos, teve de imediato o apoio da cúpula da empresa, que além da doação do terreno, arcou com as despesas para a construção do campo para o clube.

Apesar de existir por tantos anos, somente em 1958 se filiou à Liga Campista de Desportos, quando passou então a disputar os campeonatos por essa entidade promovidos. Por esse motivo é que o Paraíso de Tocos, que é na verdade 23 dias mais novo do que o São João, é considerado o clube de usina mais antigo de Campos, pois começou primeiro suas atividades competitivas oficiais.

Seus principais presidentes foram: Cláudio de Souza (um dos fundadores e primeiro presidente do clube), Chistóvão Lysandro e Ademar Cruz.

O São João foi campeão do campeonato de aspirantes promovido pela LCD em 1960. Assim como a Usina, que está desativada há muito tempo, o Esporte Clube São João não mais existe.

 * Fragmento do livro "No País do Futebol, Cidade sem Memória: A História Futebolística de Campos dos Goytacazes. (Agbook, 2010. - www.agbook.com.br).

FUTEBOL CAMPISTA E OS CLUBES QUE A BOLA ESQUECEU (04) E. C. MUNICIPAL – O MERCADENSE FOI BOM DE BOLA*.


O Mercado Municipal de Campos foi inaugurado em fevereiro de 1880 com a presença de diversos vereadores entre outras autoridades. É um local democrático onde se discute todos os assuntos da cidade: política, religião, e como não podia deixar de ser futebol, foi nesse ambiente que surgiu o Esporte Clube Municipal.

O clube foi fundado em torno de um cepo de açougue do mercado de propriedade de Antônio Pereira, junto com Pedro Gomes Rangel, Waldemiro Pacheco e Álvaro Silva, em 3 de outubro de 1931, o nome do clube, inicialmente, seria Mercadense Futebol Clube, mas os fundadores optaram por Municipal e as suas cores são o vermelho, azul e branco.
 
 

Até o ano de 1949, só disputava campeonatos regionais e pequenos torneios, quando o presidente Rodoval Bastos Tavares conseguiu colocar o clube no disputado campeonato campista, junto com os grandes times da cidade, através do ex-jogador, jornalista e vereador Ary Bueno, que também conseguiu um terreno para a construção do estádio.

Em 1962, o Municipal enfrentou e venceu a equipe carioca do Fluminense Foot Ball Club, foi composta por: Carlinhos, Waldir e Bené; Renan, Robertinho e Mizinho, Gessy, Odair, Expedito e Sena. Também atuaram pelo Municipal com destaque, Vadinho, Gaguinho, Amaro Santos, Alcidônio, Zenilton e Chico Velocidade.
 
 

Os presidentes foram João Aguiar Branco (João Vovô), Antônio Rodrigues, Rodoval Bastos Tavares, Ilídio Rocha, Francisco Azevedo, Antoninho Manhães, Silvio Salve, Diogo Escocard, Breno Campos e Dr. Edson Coelho dos Santos (1962).

O Municipal foi vice-campeão em 1950 e em 1962. Após uma série de partidas amistosas com equipes de renome nacional, em 1966, o Municipal encerrou as suas atividades no futebol profissional e até hoje permanece no cenário esportivo amador de Campos e desenvolve projetos de integração com a comunidade, através de escolinhas.
 
 

* Fragmento do livro "No País do Futebol, Cidade sem Memória: A História Futebolística de Campos dos Goytacazes. (Agbook, 2010. - www.agbook.com.br).

quarta-feira, 16 de abril de 2014

O FUTEBOL CAMPISTA E OS CLUBES QUE A BOLA ESQUECEU (03) - ESPORTE CLUBE CAMBAÍBA - O FORTE E VALENTE AZUL E BRANCO






O Esporte Clube Cambaíba nasceu em 27 de agosto de 1930, após a união entre Palmeiras e Liberal, dois times de futebol formados por trabalhadores da Indústria Açucareira de Cambaíba, localizada no distrito do mesmo nome, distante 12 km da zona urbana de Campos.

A empresa nesta época pertencia ao então Deputado Federal Luís Guaraná, que posteriormente a vendeu para o industrial Hely Ribeiro Gomes, ex-campeão de natação e um apaixonado pelos esportes em geral, que logo se entusiasmou com o clube e o apoiou irrestritamente.

Apesar de ter sido fundado em 1930, somente em 1966 o azul e branco se filiou à liga Campista de Desportos, passando a disputar os campeonatos por ela organizados. Nesta ocasião, o patrono do time fez o clube todo se remodelar, mandando ampliar as dimensões do antigo campo para a máxima permitida, oficialmente e construindo banheiros, vestiários, cabines para a imprensa, sem contar com o sempre perfeito estado do gramado.
 
 

Batizado com o nome de Hely Ribeiro Gomes, o estádio do Cambaíba foi inaugurado em 01 de maio de 1966, quando foi realizada uma grande festa que durou o dia inteiro e contou com milhares de participantes, começando pela manhã, com desfiles de cães, saltos de pára-quedas e uma missa campal. À tarde ocorreram duas partidas: os reservas do Cambaíba venceram por 5 x 0 o time do Estrela, de Ponta da Cruz e, depois, a equipe principal enfrentou e perdeu por 1 x 0 para o forte time do Goytacaz. Mas o clima era de festa e ao chegar à noite, houve grande festa com barraquinhas tendo Hely Ribeiro Gomes comprado dez mil refrigerantes, dois sacos de farinha, um caminhão de laranjas e mandou abater quatro bois para um animado churrasco que durou até o amanhecer.

O Esporte Clube Cambaíba sempre contou com boas equipes, sendo um adversário muito difícil de ser batido, contudo, infelizmente, ele não conseguiu levantar um título do campeonato campista, somente uma Taça Cidade de Campos, em 1975, e o Torneio de Verão, de São João da Barra, realizado na cidade vizinha, em janeiro de 1975, quando venceu o Vesúvio, na final, e ficou com o troféu Cel. Antônio Brandão Siqueira, homenagem ao então Comandante da Polícia Militar do Estado do Rio.

O clube teve como presidente os senhores: Benedito Bernardo, José Pereira, Nilton Guaraná, Áureo Machado de Brito, Clemente Alves dos Santos, Rodolfo Grain (61 a 68), Artur Ferreira Machado, Joubert de Andrade Maia, José Geraldo Barbosa Machado, José Lysandro de Albernaz Gomes.

Com o industrial Hely Ribeiro Gomes elegendo-se Deputado Federal, pelo antigo Estado do Rio e posteriormente assumindo o cargo de Vice-Governador, deixou o clube sob o comando de seu filho José Lysandro de Albernaz Gomes, este que foi o grande presidente da história do Cambaíba, contudo faleceu ainda jovem e o clube entrou em decadência, até encerrar as suas atividades esportivas.

 Nos dias de hoje, assim, como todos os outros clubes oriundos de usinas, não existem mais no âmbito profissional e só habitam a memória de quem viveu a época áurea do futebol campista.


 
 
 * Fragmento do livro "No País do Futebol, Cidade sem Memória: A História Futebolística de Campos dos Goytacazes' (Agbook, 2010. - www.agbook.com.br).
 

 
 

 

terça-feira, 15 de abril de 2014

O FUTEBOL CAMPISTA E OS CLUBES QUE A BOLA ESQUECEU (02) - INDUSTRIAL FUTEBOL CLUBE: O GÊNIO NASCEU NA LAPA*

  Uma das forças do futebol campista, o Industrial foi fundado em 25 de agosto de 1912, sendo um dos pioneiros do futebol da cidade.
 
  Formado por funcionários da antiga Fábrica de Tecidos Industrial Campista, fundada em 12 de março de 1885 pelo empresário português, Francisco Ferreira Saturnino Braga, situada no bairro da Lapa, teve seu campo no início da Rua do Gás, onde havia sido o campo do Goytacaz, já que este se mudaria para mais adiante da mesma rua, onde ergueu o Estádio Ary de Oliveira e Souza.
 
  Devido ao grande número de funcionários da fábrica, o industrial nunca teve maiores dificuldades para armar suas equipes, fator este, que possibilitou também, a formação de times de futebol feminino, vôlei e basquete, tornando-se uma potência no esporte local.
 
  Assim como ocorria com os times oriundos das usinas de açúcar, o industrial também dependia muito do gosto do proprietário ou de gerentes para com os esportes, pois variava de tempos em tempos o apoio às equipes, podendo até mesmo acarretar a desativação dos times, quando o “homem forte” da empresa não era simpático aos esportes.

 
  Das categorias de base do clube surgiu o maior nome do futebol de Campos dos Goytacazes, pois dali, o então garoto Waldir Pereira saiu para o Clube Esportivo Rio Branco, iniciando a sua brilhante carreira que o faria ficar mundialmente conhecido como Didi, o gênio da “folha seca”, bicampeão mundial pela Seleção Brasileira nas Copas do Mundo de 1958, na Suécia e 1962, no Chile.
 
 
 
  Com o fim da fábrica, o time entrou em decadência, encerrando suas atividades logo depois, mas deixando sua história na memória de todos os que acompanharam a era de ouro do futebol de Campos e tem na lembrança a grande potência esportiva que foi o Industrial. A antiga chaminé ainda permanece no local original, que agora dá lugar a um estacionamento, deixando saudades de quem conheceu o clube da Lapa.


* Fragmento do livro "No País do Futebol, Cidade sem Memória: A História Futebolística de Campos dos Goytacazes' (Agbook, 2010. - www.agbook.com.br).

quinta-feira, 10 de abril de 2014

O FUTEBOL CAMPISTA E OS CLUBES QUE A BOLA ESQUECEU (01) - ESPORTE CLUBE SAPUCAIA: TAÍ O GRANDE CAMPEÃO*


  

Surgido da união entre o Progresso Futebol Clube e o Brasil, ambos os times formados por trabalhadores da usina Sapucaia, que resolveram se fundir para formar um só clube, que representaria a localidade que se distância 15 km do centro de Campos, nos campeonatos que existiam na cidade.

A reunião de fundação do novo clube ocorreu em 18 de dezembro de 1938, nas dependências da própria usina e dela participaram John Julius, Max Polley, José Pedruca, Antônio Miguel Andrade, Didi Pinheiro Machado, Wilson Isaltino, Leandro Barbosa, Touquinha e Adauto Pacheco.

O primeiro jogo da nova equipe foi contra o Paraíso Futebol Clube, da localidade de Tocos e terminou empatada em 1 x , em dezembro de 1938.

A diretoria do clube procurou o industrial Francisco Jacob Gayoso y Almendra, o Dr. “Chico”, como era chamado por muitos dentro da usina, para pedir colaboração para a agremiação que surgia e, prontamente foram atendidos, porém, com uma exigência: “Que as cores do time fossem vermelha e preta, como as do Flamengo”, sendo assim, o antigo uniforme verde, vermelho e branco foram logo abandonados.

O Sapucaia chegou a ser o clube campista que mais gastou com o futebol, contratando reforços que transformou o clube no que o jornalista Péris Ribeiro chamou, um dia, de “Academia de Futebol”.

Apesar de ter sido fundado em 1938, somente a partir de 1961 é que o clube se filiou à Liga, para então começar a disputar campeonatos oficiais, vencendo o campeonato de acesso em 1969, ainda com a camisa tricolor.

O Sapucaia viveu a sua fase áurea na década de 70, quando o clube passou a disputar o campeonato campista contra as melhores equipes da cidade e nesse mesmo período aconteceu o apogeu do time, na conquista do campeonato do Estado do Rio, em cima do Americano, com a arbitragem de Arnaldo César Coelho, atualmente comentarista da Rede Globo de Televisão.

O jornal “A Notícia” do dia 13 de maio de 1974, posterior à partida, em página inteira na seção de esportes estampava a manchete “Taí o grande campeão, o Sapucaia foi um verdadeiro barato”. A conquista em cima do tradicional Americano foi após uma vitória por 4 x 2, em partida realizada no estádio Ary de Oliveira e Souza, pertencente ao Goytacaz.
  


A equipe vitoriosa era composta por: Roque, Danilo Pastor, Paulo Lumumba, Roberto Madeira e Albérico, Osvaldo, Amaritinho, Betinho e Gonzaga, Walmir e Alcir, contando ainda no elenco, com: Tuiú, Joaquim, Joélio, Folha, Pedro, Edmilson, René, Toninho e Vicente.

O declínio do clube ocorreu com a saída do Dr. Chico e do Dr. Alaor Lamartine de Castro para colaborarem com o Americano, que disputaria o campeonato nacional de 75. Hoje apenas “peladas” acontecem no campo, onde um dia desfilaram os maiores jogadores do futebol campista.

 * Fragmento do livro "No País do Futebol, Cidade sem Memória: A História Futebolística de Campos dos Goytacazes' (Agbook, 2010. - www.agbook.com.br), publicado no site NetHistória, disponível em: http:/ /www.nethistoria.com.br/blog/aristides/o-futebol-campista-e-os-clubes-que-a-bola-esqueceu-esporte-clube-sapucaia-tai-o-grande-campeao/

 

 

CAMPEONATO FLUMINENSE DE FUTEBOL: O CERTAME ESQUECIDO*

Até 1976, o verdadeiro campeonato estadual de futebol do Rio de Janeiro tinha times e campeões bem diferentes do que conhecemos hoje, quando cada vez mais o Campeonato Fluminense vai caindo no esquecimento.
 
  Você sabia que Goytacaz, Americano, Adrianino, Manufatura, Fonseca, Sapucaia, entre outros clubes, foram campeões estaduais de futebol? Poucos ainda se lembram destes feitos, que vão se apagando da lembrança dos mais velhos, e sequer passam pela cabeça das novas gerações.
  
  Até o ano de 1975, o atual estado do Rio de Janeiro era dividido em dois: o Estado da Guanabara, que compreendia a cidade do Rio de Janeiro, e o Estado do Rio, com sua capital em Niterói, que englobava todo o interior que conhecemos hoje. Esta divisão geográfica não era restrita ao setor político-administrativo; também era respeitada no âmbito futebolístico, pois na Guanabara se disputava o Campeonato Carioca, denominação do certame atual (de forma equivocada) e o Campeonato Fluminense, disputado por clubes do estado hoje ‘desaparecido’ e organizado por entidades separadas, a  Federação Carioca de Futebol (FCF), e a Federação Fluminense de Desportos (FFD).

  O Campeonato do antigo Estado do Rio é pouco lembrado pela imprensa especializada, que insiste em chamar o atual campeonato de “Carioca”, termo referente aos nascidos na antiga Guanabara, ou cidade do Rio de Janeiro, quando o correto seria Fluminense, pois o certame congrega agremiações de várias cidades e não só da capital. Assim, os Campeões Fluminenses do passado, sequer são lembrados nas relações de equipes vencedoras dos campeonatos em publicações especializadas.

  Com a proliferação de clubes surgindo por todo o estado, é criada em Niterói, aos sete dias de janeiro de 1925, a Federação Fluminense de Desportos (FFD), Em 1952, o profissionalismo foi oficialmente implantado em todo o estado.
 
  Os clubes do antigo Estado do Rio ainda participaram da Taça Brasil, principal torneio em nível nacional na época e que foi criado, em 1959, em função da obrigação de se ter um campeonato nacional classificatório para a Taça Libertadores da América, no qual participavam os dois primeiros colocados dos campeonatos de todos os países Sul-Americanos.

  Nos dias de hoje, a maioria dos clubes que disputavam o antigo campeonato do Estado do Rio deixou de existir profissionalmente, ou se transformaram em clubes amadores, alguns em clubes apenas sociais e outros simplesmente fecharam as suas portas. Vários foram os fatores que motivaram a levaram esses clubes ao ostracismo, sendo o primeiro deles, a fusão da cidade do Rio de Janeiro com o estado, pois muitos clubes não viam vantagem em se filiar a Federação do novo estado, devido maior concorrência e assim, fecharam portas e encerraram suas atividades futebolísticas. Outros como Americano, Rio Branco e Goytacaz, todos da cidade de Campos, deixaram de ser as estrelas principais do Campeonato Fluminense, para virarem meros coadjuvantes na nova realidade.

  Outro motivo foi o fato do Campeonato Carioca ter sido o primeiro a ser transmitidos em rede nacional pelo rádio, principal meio de comunicação até a década de 1960, difundindo por todo o país, a paixão pelos clubes do Rio. Não foi diferente no estado vizinho, que paulatinamente tiveram significativa perda de torcedores para os clubes locais, já que estes agora se interessavam mais pelo certame carioca.

  O ganho de importância do Campeonato Carioca foi devastador para o Futebol Fluminense, pois além de torcedores, os principais jogadores debandavam para a capital em busca de dinheiro e reconhecimento nacional. Assim, o Campeonato Fluminense foi se desenvolvendo sempre em segundo plano.

  Na ocasião da fusão dos Estados do Rio com a Guanabara notou-se tamanha disparidade entre as realidades dos clubes dos dois estados, pois a concorrência fez com que muitos clubes fechassem as portas, como aconteceu com os de Niterói, e outros precisaram se fundir para ter um único clube na cidade, como foram os casos do Volta Redonda e do Friburguense.
 
  Uma boa mostra disso é que desde a fusão, nenhum clube do interior conseguiu uma conquista de maior expressão, com exceção de Americano, em 2002 e Volta Redonda em 2005, que venceram turnos do Campeonato Estadual, mas na grande decisão do título, perderam para o Fluminense em ambas as ocasiões.

  E assim, a memória do futebol no Rio de Janeiro vai perdendo uma significativa parte de sua história, que durante décadas alimentou a paixão do povo fluminense pelo esporte bretão, que vai caindo no esquecimento.

* Fragmento do livro "No País do Futebol, Cidade sem Memória: A História Futebolística de Campos dos Goytacazes' (Agbook, 2010. - www.agbook.com.br), publicado na revista História Viva, Ano XI, nº  122, Dezembro de 2013 e site NetHistória, disponível em: http://www.nethistoria.com.br/blog/aristides/o-campeonato-esquecido/

PARA SABER MAIS:
 
DURTE, Marcelo (supervisão editorial); VALENTINE, Danilo (edição); BORBA, Alex (artes). Enciclopédia do Futebol Brasileiro. v. 1. Rio de Janeiro: Lance e Aretê, 2001.
OURIVES, Paulo. A História do Futebol Campista. Rio de Janeiro: Cátedra, 1989.
FILHO, Mário. O Negro no Futebol Brasileiro. São Paulo: Mauad, 2003.
ARÊAS, Nilo Terra. Almanaque Esportivo do Jubileu de Ouro do Futebol Campista. São Paulo: Atlas, 1962.





domingo, 6 de abril de 2014

FERROVIÁRIO ESPORTE CLUBE: A BOLA NOS TRILHOS DA HISTÓRIA*

   Às vésperas de mais uma edição da Copa do Mundo de futebol, as cidades de Porto União (SC) União da Vitória (PR), que um dia foram uma só (ecos da Guerra do Contestado), se preparam para as festividades comemorativas do septuagésimo aniversário do Ferroviário Esporte Clube (fundado em 1º de maio de 1944) e também, do cinquentenário da maior conquista futebolística de um clube da região, a Taça Paraná, organizada até os dias atuais, pela Federação Paranaense de Futebol, façanha realizada pelo Ferroviário em 1964.
   Fundado pelos trabalhadores da linha férrea, que chegaram á região nos primeiros anos do século XX, o clube foi um importante espaço de sociabilidade e de inserção dos funcionários da ferrovia na sociedade local.
  Com partidas memoráveis em seu estádio próprio, o Enéas de Queiroz, na Vila Ferroviária, no coração da cidade, o Ferroviário era quase imbatível na presença de sua grande torcida, que lotava as arquibancadas em cada partida.
   Com a decadência e posterior sucateamento da Rede Ferroviária o clube perdeu a ajuda da mesma e as contribuições dos associados cada vez mais foram rareando, restando somente um passado repleto de glórias, lembranças e saudades na memória dos que viveram o apogeu do clube e do transporte ferroviário local.
   O Ferroviário Esporte Clube ainda resiste ao tempo graças a abnegados ex-funcionários da ferrovia, que insistem em não deixarem morrer a história futebolística, ferroviária e a sua própria história.
   O estádio Enéas de Queiroz não recebe mais jogos, assim como a velha locomotiva “Paulistinha 310” repousa na ainda imponente “Estação União”, como marcas de um tempo que só voltará nas lembranças de quem viveu o passado ou pelas mãos de historiadores.
 
* Fragmento de trabalho de monografia para conclusão do Curso de Especialização "Lato Senso" em História: Cultura, Memória e Patrimônio, da Universidade Estadual do Paraná - UNESPAR, Campus de União da Vitória (2014) e publicado no site NetHistória, disponível em: http://www.nethistoria.com.br/blog/aristides/a-bola-nos-trilhos-da-historia/
 
Para Saber Mais:
AGOSTINO, Gilberto. Vencer ou morrer – futebol, geopolítica e identidade nacional. Rio de Janeiro: Faperj / Mauad, 2002.
BACH, Arnoldo Monteiro. Trens. Ponta Grossa: Edição do autor, 2008.
BUCHMANN, Ernani. Quando o Futebol Andava de Trem: Memória dos times ferroviários brasileiros. Curitiba: Imprensa Oficial, 2002.
GASPARI, Leni Trentin. No Tempo dos Trens nas “Gêmeas do Iguaçu”: Uma viagem ao passado. União da Vitória: FAFI, 2008.
PARDO, Aristides Leo. No País do Futebol, Cidade sem Memória: A História Futebolística de Campos dos Goytacazes. São Paulo: Agbook, 2010.
SILVA, Cleto da. Apontamentos Históricos de União da Vitória 1768-1933. Curitiba: Imprensa Oficial, 2006.
TENÓRIO, Douglas Apprato. Capitalismo e Ferrovias no Brasil. Curitiba: HD Livros, 1996.
VOITC, Guilherme. O Futebol no trilho do trem. Gazeta do Povo. Curitiba 03/01/2009. Disponível em: http://www.gazetadopovo.com.br/vidaecidadania/conteudo.phtml?id=843476&tit=O-futebol-no-trilho-do-trem . Acessado em 13-12-2012